segunda-feira, 16 de agosto de 2010

o dia seguinte

Ontem foi dia de festa para muitos e perda de uma pausa para bastantes. Para uns e outros o dia 15 de Agosto faz parte do número de feriados inscritos no calendário herdado da nossa comum tradição cristâ e de que usufruimos, quer nos aprecebamos ou não do seu significado maior e consequente. Ao longo da minha vida o dia 15 de Agosto sempre foi vivido como um dia em que celebrávamos uma especial relação festiva com Maria, a Mãe de Jesus. É a festa da assunção de Maria à plena dimensão sobrenatural na qual a pessoa humana ascende, na sua realidade total, à plenitude da sua realização. Que Deus é o futuro do homem é a certeza dos crentes, que Maria participa plenamente desse futuro como protótipo da humanidade assumida pelo Ressuscitado, é para aqueles motivo de festa e de esperançosa alegria.
Aqui deixo alguns dados sobre a festa da Assunção:
A Assunção de Maria ao Céu
"A cristandade acreditou na Assunção da Virgem Maria logo desde os primeiros séculos da sua história e, assim, a tradição da festa oficial da Assunção remonta provavelmente já ao século VI.
Como Mons Michel Dubost (bispo de França) diz no seu livro "Marie" (ed. Mame, Paris 2002): "A festa da Assunção nasceu em Jerusalém, mas é difícil saber em que época. A origem da festa talvez venha da consagração de uma igreja a Maria pelo bispo Juvenal (422-458), em Kathisma (suposta etapa da Virgem entre Nazaré e Belém). É mais provável que tenha como origem a consagração de outra igreja em Gethsemani, ao lado de Jerusalém, no século VI. Seja como for, a festa foi alargada a todo o Império pelo imperador Maurício (582-602) sob o nome de Dormição da Virgem Maria. A festa foi sempre celebrada no dia 15 de Agosto. Como o ano litúrgico dos Orientais começa no 1º de Setembro, ele inicia-se verdadeiramente com a Natividade da Virgem e termina com a sua entrada na glória a 15 de Agosto. Mas será apenas nos meados do século XX que a Assunção da Virgem Maria virá a ser proclamada "dogma da Igreja", em 1950, pelo papa Pio XII :
"Por fim a Virgem imaculada, preservada por Deus de toda a mancha do pecado original, tendo concluído o curso da sua vida terrestre, foi elevada à glória do céu em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do universo, para assim ser mais inteiramente conforme ao seu Filho, Senhor dos senhores, vencedor do pecado e da morte" (LG 59).A Assunção da Virgem Santa é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos [...]"

Finalmente aqui deixo um ramo de rosas que em meu nome, em nome dos meus familiares e dos meus amigos e ainda em nome da humanidade que se orgulha da sua Rainha, Lhe ofereço na simplicidade de quem não sabe o que oferecer, mas sente necessidade de oferecer alguma coisa.

domingo, 1 de agosto de 2010

passar palavra




Recebi ocasionalmente esta mensagem dum bom amigo que aqui recolho e re-transmito:
01 de Agosto de 2010

«Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?»
(Lc 12, 14)

"As religiões antigas incluíam textos que falavam da criação do mundo e da origem do mal. Hoje, pensamos que esses textos nem eram resultado de uma revelação, nem de uma indagação cientifica, nem mesmo de um labor filosófico. Eram "mitos", através dos quais a imaginação e o inconsciente colectivo propunham certas maneiras de interpretar o mundo e a condição humana. (O mito não tem actualmente qualquer conotação negativa. Pensa-se mesmo que a reflexão filosófica surge como tentativa de clarificar e dar rigor a essas construções primitivas). Os primeiros capítulos do Livro do Génesis movem-se no ambiente de mitos. Infelizmente, houve uma época em que a Igreja tomou esses textos como narrativas históricas e abriu sucessivas guerras contra a visão cientifica do mundo. Por exemplo, teimando que a Terra ocupava o centro do Universo, ou afirmando que não tinha havido evolução da vida, pois todas as espécies animais e vegetais tinham sido criadas directamente por Deus.
É muito significativo que Jesus não tenha enveredado por este caminho. disse que o Pai é o Senhor do Céu e da Terra, mas nunca perdeu tempo a descrever a criação. Mandou que os seus discípulos lutassem contra o mal, mas nunca perdeu tempo a explicar a origem do mal. Que se saiba, nunca falou de Adão nem de Eva.
Sem deixar de ser Deus, Jesus veio à Terra como homem. E aceitou lealmente a condição humana. Aceitou que a sua inteligência de homem não sabia tudo e que a sua força muscular não levantava um penedo; precisava de comer e de dormir; sabia que tinha de trabalhar para ganhar a vida. Mais importante do que isto: Jesus sabia que é próprio da condição humana lutar por um futuro melhor, e que é preciso contar com as diferentes contribuições: há os que trabalham a terra, os que escavam as minas, os que pescam no mar; há os que têm tarefas de governo e de administração; há os que procuram caminhos novos; ... Jesus cumpriu a sua missão de mensageiro do Pai para nos anunciar a Boa Nova e para nos dar o exemplo do que é "amar até ao fim" (Jo 13, 1).
Mas é também significativo que Jesus não tenha dado nenhum conselho a respeito dos aspectos mais práticos da aventura humana. Não disse como é que se podiam melhorar os barcos e as redes, nem como se podia aumentar o rendimento dos trabalhos agrícolas, não deu sugestões a respeito da economia, da politica, do direito. Se bem entendo, não o fez porque isso seria intervir na História dos homens de maneira paternalista.
Isto ajuda-nos a entender o Evangelho desta missa (Lc 12, 13-21). Do meio da multidão, um homem pede a Jesus que resolva uma questão de partilhas. (Talvez o homem fosse sincero e acreditasse que ninguém melhor do que Jesus podia dizer o que é justo e o que é injusto). Mas Jesus rejeitou o pedido. Suponho que por duas razões. Primeira, porque, coerentemente com aquilo que acabo de expor, não quis substituir-se à justiça dos homens. Fossem aos tribunais! Segunda, porque achava incrível que dois irmãos se zangassem por uma questão de partilhas. Não tinha paciência para os aturar.
Infelizmente, nem sempre a Igreja reagiu assim. Quis dar certezas definitivas a respeito de todas as coisas importantes; e, muitas vezes, não se deu conta de que saía do domínio da sua competência. (Recorde-se o processo de Galileu). E o Senhor castigou-a, permitindo que se enganasse.
A primeira Leitura é tirada do Livro de Cohélet (Cohélet - Eclesiastes 1, 2 - 2, 23). Este livro. é uma reacção contra as pregações palavrosas e as soluções superficiais. Passando ao extremo oposto, Cohélet diz que não há nada seguro na Terra. Entendamos estas palavras como um convite à profundidade e ao rigor."
P.e João Resina Rodrigues (in a Palavra no Tempo II)