domingo, 20 de junho de 2010

despedida



Ao iniciar uma viagem, cuja duração se desconhece e em que são usados diversos meios de deslocação, nunca sabemos bem como, quando e em que circunstâncias vamos progredir nas múltiplas etapas do percurso a prosseguir. Apenas sabemos que partimos e que não podemos regredir ao momento da partida, uma vez que a marcha do tempo é irreversível. Temos de conciliar a noção de continuidade com a da de descontinuidade para percebermos que ambas fazem parte da nossa especividade existencial. Por vezes determinado meio torna-se inapto para avançar e então só nos resta livramo-nos dele e progredir confiando no novo meio de prosseguir, pois continuar é imperativo. Costumamos dizer adeus aos que partem e costumamos dizer adeus aos que ficam. O pensamento, a memória e a amizade são os elementos que mantêm a comunhão entre os que preparam a viagem, os que partem e os que já partiram. A semana passada partiram para a outra margem da vida dois dos meus maiores amigos de longa data. Desejo-lhes bons encontros e manifesto-lhes a minha gratidão pela sua amizade. Qualquer dia nos encontraremos nessa outra dimensão em que a vida não é prisioneira da nossa corporeidade.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

sentimentos




Já hoje chorei! O meu amigo João Resina morreu. Após um largo período em que o seu corpo não lhe permitia expressar toda a sua realidade pessoal, apagou-se o sopro de vida que o mantinha fazendo parte dos mortais. Era um filósofo da escola de Louvaina e com ele muitos aprendemos a pensar; era um engenheiro da escola do Instituto Superior Técnico e com ele muitos aprendemos a lidar com o real; era um teólogo das melhores escolas do pensamento teológico e com ele aprendemos que a realidade humana não se esgota na temporalidade; era um convícto discípulo do Ressuscitado e com ele aprendemos que a vida de cada humano adquire a sua plenitude ao entrarmos nessa nova dimensão existencial liberta das contingências físicas, psíquicas e de todas as demais próprias das especificidades do tempo e do espaço. É animador saber que temos amigos tanto no presente transitório como no futuro definitivo.
É verdade que já hoje chorei, mas também é verdade que também já hoje rezei e juntamente com um número significativo de homens e de mulheres dei graças e anunciei a morte do Senhor, proclamei a Sua ressurreição e afirmei a certeza do Seu encontro libertador com cada pessoa e com todas as pessoas. A certeza da morte nos apresiona e a esperança da ressurreição nos liberta. Meu caro João estamos unidos no infinito amor de Deus, faz favor de Lhe dar graças e de O louvar também em nosso nome.