terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Adeus 2014!

 
A marcha do tempo é implacável no seu avanço e indiferente ao uso e ou abuso que dele se faça. Não adianta dizer que queremos que pare ou que se aprece. O seu ritmo é estranhamente indiferente à forma como é vivido, gerido ou contabilizado. A nós seus fiéis vassalos só nos resta tentar refletir sobre como o utilizámos no passado e como o vamos gerir no futuro, uma vez que o presente mais não é que uma frágil ponte entre o antes e o depois.
Atravessar o deserto, sobreviver a uma tempestade, navegar no mar agitado, descansar á sombra duma frondosa árvore no cálido Verão, colher flores num jardim primaveril, sentir o apoio esperançoso duma cama de hospital, saborear os frutos da colheita, ou suportar o cansaço da sementeira, são algumas das muitas formas de viver o tempo que se vai contabilizando ao longo duma anuidade. Tudo são caminhos percorridos ao longo dum período iniciado em cada 01 de Janeiro e terminado em cada 31 de Dezembro.
O ano de 2014 está terminando e 2015 está chegando com as esperanças, as dúvidas, os medos e as promessas que encontram eco e brotam no mais profundo de cada ser humano que desgruda o seu olhar das amarras do passado e olha para o futuro a partir do amanhã.
Este ano que termina deixa um sabor amargo, apenas temperado com algumas gramas de adoçante escassas para suavizar o travo deixado pela injustiça, a incompetência, a ganância, o embuste, a demagogia e a superficialidade que se passearam pelas ruas da cidade humana com a arte e a presunção dos pavões, com a pose dos perus, ou com a sofreguidão dos abutres.
Adeus 2014, estou feliz por ter sobrevivido ás muitas vicissitudes e esperançado em que a superação será o balsamo para sarar as muitas feridas. Honra e reconhecimento para quantos das formas mais notórias e das formas mais discretas, caminharam pelas vias da justiça, da excelência, da competência, da disponibilidade, do serviço, ou da .gratuidade, dando o melhor de si mesmos em prol do bem comum.
 
 
 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Natal 2014

 
Nestes últimos dias que antecedem mais um Natal quase me irritei com a azáfama da corrida ao supérfluo embrulhado em papel colorido e ornado de fantasia. É tal o frenesim que quase me sinto mal por não me sentir motivado a desta maneira participar no esforço coletivo para equilibrar a economia neste final de ano. Ainda estou cético acerca das verdadeiras motivações que levam tantos a correrem à procura daquilo a que, nesta quadra, se chama oferta, prenda, ou presente. Que corramos de acordo, mas ao menos que saibamos porque corremos, para onde, ou para  quem corremos.
Depois de tentar reciclar este meu mau feitio e de me interrogar se não estou a ser demasiado comodista e de julgamento fácil, quero dizer que, apesar de não ter juntado um monte de embrulhos coloridos, desejo para todos aqueles que partilham comigo a aventura de ser gente um pouco de calor humano, de amizade e de festa.
É verdade que a realidade nos mostra que a humanidade dá guarida a muitos monstros (violência, guerra, insensatez, injustiça, maldade requintada, abuso de poder...),mas e por isso mesmo faz-nos bem escutar este grito que brota do mais profundo desta mesma humanidade que existe em cada ser humano: "glória ao rosto divino da humanidade e paz à humanidade que surge igualmente de rosto tão desfigurado".
A perceção, mesmo inconsciente, de que Deus está connosco faz- nos correr para mais perto uns dos  outros, a intuição de que a vida tem sentido faz-nos encontrar tempos para fazer festa, a sensação de que saltar as barreiras que nos separam nos torna mais próximos uns dos outros faz-nos esquecer, ao menos por uns momentos, os muros que nos dividem.
Por isso e apesar de todas as contradições, quero juntar-me a todos quantos, cada qual á sua maneira, vão viver este Natal de 2014. Feliz Natal !
 
 
 
 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Agradecimento


 
A experiência de saber que apesar de todas as contingências alguém está perto de nós no nosso caminhar, como alguém que nos quer bem mas não nos impõe nem o seu ritmo, nem o seu ponto de vista, dá-nos segurança, conforta-nos e motiva-nos sem aprisionar a nossa liberdade. Quando tal acontece a vida torna-se mais fácil, o caminho menos penoso, a vontade de prosseguir mais consistente e os pequenos sucessos mais gratificantes.
Ontem, conjuntamente com uma multidão difícil de contar, prestei uma especial homenagem a Maria, mãe de Jesus. Ela é a flor que embeleza a humanidade, a mão carinhosa que afaga as nossas vidas, o sorriso que nos motiva, o apoio que nos ampara quando progredimos e quando regredimos. É um privilégio poder acreditar na sua presença maternal e manifestar-lhe gratidão com a simplicidade de quem se sente bem junto de sua mãe. Foi a festa da Senhora da Conceição.

domingo, 23 de novembro de 2014

Homenagem

 
Hoje quero homenagear um bom e grande Amigo, a quem agradeço a motivação que me proporciona de o fazer. Este Grande Amigo abre os seus braços a todos quantos o conhecem, a todos quantos o procuram, a todos quantos participam no magno projeto de ajudar o outro a ser mais outro e a todos quantos sem se darem conta já caminham pelas veredas que levam à sua morada. Este Amigo é um Triunfador sobre as múltiplas contingências que envolvem cada ser humano, entre as quais se agiganta a mortalidade. Ai de mim se não fosse a sua mão estendida a cada humano anunciando-lhe a esperança da Vida! Diante dele se curva a morte e diante dele todos cantam um hino à Vida. Por tal presto hoje uma consciente homenagem a este Grande Amigo e alegro-me com a esperança de futuramente o poder louvar em conjunto com a multidão dos humanos. Uma nova terra está surgindo e uma nova plenitude de Vida está emergindo.
O poder verdadeiro não precisa de se impor criando subordinados, vassalos, ou prisioneiros, antes promove a liberdade e a libertação, alegra-se quando somos capazes de erguer os nossos rostos e confiando avançar na esperança rumo ao seu encontro.
Hoje celebro, juntamente com uma multidão de meus contemporâneos, a festa de Cristo Rei. Para Ele o meu pensamento de louvor, honra, ação de graças e aplauso no meu hoje e no meu amanhã, pois Ele é o Futuro já presente.
 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A caminho...

 
É habitual dizer que o caminho se faz caminhando, que devagar se vai ao longe, que malhando se molda o ferro, que tudo é dinâmico, que tudo é movimento. Assim sendo qualquer tentativa de compreensão da realidade a partir duma visão estática, monolítica, ou legalista  do agir e do existir está de antemão sentenciada ao desajustamento. Querer que os sapatos adquiridos na adolescência possam ser usados na idade adulta, só porque os pés são os mesmos e os sapatos são ótimos e de boa marca, é condenar o indivíduo a andar descalço, dificultando de muitas maneiras o seu caminhar. A energia é expansiva, a finitude tende para o infinito, o limitado tende a alargar as suas fronteiras.
Assim uma visão estática do ser humano em particular e da humanidade em geral conduz indubitavelmente a uma análise desajustada pois fica prisioneira do passado. Ou nos movemos a partir do sonho, da intuição do futuro a construir, da luz dum nascente, ou nos transformamos em incapazes para o diálogo motivador e gerador de ânimo libertador e força anímica.
Ontem proclamou-se de muitas maneiras e em muitos linguajares que a norma suprema  que surge diante de nós como imperativa é a de aderir à VIDA e sair ao encontro de todos os viventes. Assim eu vivo, tu vives e juntos proclamamos a VIDA.
A solidão mata, a limitação aprisiona, a finitude asfixia.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Adulação e hipocrisia



Hoje fiquei sensível a um tipo de comportamento relacional que podemos classificar de "adulação e hipocrisia". Tal acontece quando alguém se dirige a um outro (sujeito individual e ou coletivo) elogiando para o seduzir e de seguida lança uma armadilha para o condicionar ou pôr à prova. Assim do tipo: "o povo português é um povo inteligente e pacífico, por isso aguenta ser esfolado, desde que o vamos entretendo com paliativos que lhe garantam a sobrevivência ou o alívio da dor provocada pelo sofrimento instalado".
Esta forma de relacionamento tem sobrevivido e prosperado ao longo da história das civilizações e das religiões. O pobre adula o rico para obter as suas benesses, o rico adula o pobre para reforçar a sua submissão, o detentor do poder político elogia os seus partidários e os seus concidadãos para reforçar a sua liderança e conquistar os seus votos, os detentores do poder religioso elogiam a submissa humildade dos crentes para reforçar a sua dependência e a sua adesão emocional.
Se eventualmente e furando a lógica do espetável, alguém denuncia a hipocrisia escondida atrás do elogio sedutor, este deve ser tratado como incómodo, revoltado, marginal, agitador e sempre perigoso. Que se desmotive o pensamento sério, que se vigie a dinâmica do relacionamento, que se calem todas as teologias da libertação, que sejam aniquilados todos os inconformados. "Se sempre foi assim é porque está certo, é o mais conveniente e o que acarreta menores riscos".
O que se passou é que me atiraram à cara do meu pensar, na celebração da liturgia semanal do passado domingo, a célebre passagem do evangelho de Mateus que fala da necessidade de "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Então poderemos assistir a um mais elevado grau de hipocrisia do que aquele que animava os intervenientes que se dirigiram ao grande Profeta da Galileia? É que Ele mantinha com consistente insistência uma atitude de "denúncia da realidade presente e de anúncio duma nova realidade que estava a chegar" e por isso tinham decidido que deveria ser eliminado. A decisão estava tomada, bastava criar a ocasião, em termos que aparecesse como uma forma de zelosa defesa do bem comum. Os detentores do poder religioso deram as mãos aos detentores do poder político, apesar de cada qual detestar o outro, mas servindo-se do outro como trampolim para atingir o seu objetivo. Mas já alguma vez se viu uma hierarquia religiosa aceitar pôr em causa o seu poder sobre a consciência dos seus fiéis, ou alguma estrutura de poder político aceitar sem luta conceder liberdade aos seus subordinados? Até isso acontecer muitos profetas terão ainda de perecer.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Grandes gestos

 
A grandeza dos gestos radica em quem os emite e adquire a sua amplitude na mensagem que encerram e na excelência do destinatário a quem se orientam. Um grande gesto pode valer muito mais que grandes e inflamados discursos. De facto não escasseiam as palavras, tanto mais inflamadas quanto menos portadoras de convicções, mas escasseiam os gestos que apontem para vértices de convergência dos vários pontos de partida.
No passado dia 8 de Junho reuniram-se no Vaticano três destacados crentes membros de cada uma das três confissões abraâmicas: cristãos, muçulmanos e judeus. Tudo indica que não negociaram, nem recriminaram, nem declararam vitória, nem reconheceram derrota. Tão só rezaram e pediram ao Deus que todos reconhecem que ajude a perceber que a paz resulta não da imposição pela força, ou da destruição do outro, mas do reconhecimento do outro.
Muita história se viveu e escreveu até se perceber que, na linguagem do Papa Francisco, dentro de cada cristão existe um judeu. É preciso descobrir agora que dentro de cada crente há também um cristão, um judeu e um muçulmano, vivendo em paz e dando o seu específico para o reconhecimento de cada crente no "Deus de Abraão".
A minha oração não passa dum murmúrio de criança meio ensonada, mas mesmo assim continuo a dirigir a Deus esse meu murmúrio solicitando- Lhe que acolha e dê consistência à oração destes crentes.

sábado, 12 de julho de 2014

Brincando...

Por vezes a melhor forma de conviver agradavelmente  com a vida é ter o desplante de brincar com ela. Sim, porque a multiplicidade de areia colocada pelas múltiplas contradições na corrente das nossas existências, mais parece a mó do moinho triturando o grão que prometia gerar nova vida e isto em nome da necessidade de alimentar uns quantos esfomeados...
Pois á maneira de quem gosta de não perder de vista o lado lúdico das múltiplas experiências já vividas aqui registo esta historieta que me chegou ás mãos:
"pergunta o sábio professor ao espevitado aluno: qual o português que ao logo da sua vida lidou mais de perto com os santos? E o aluno respondeu: foi Henrique Galvão. Então porquê? pergunta o professor.
Porque nasceu em Santa Isabel, no dia de Santo Hilário. Morava no Campo de San'Ana, deu uma queda em Santa Bárbara e foi socorrido no hospital da Ordem Terceira de S.Francisco. Foi preso e julgado no tribunal de Santa Clara, pelo juiz Santiago. Esteve internado sob prisão no hospital de Santa Maria, de onde fugiu no dia de Todos os Santos. Assaltou o paquete Santa Maria , ao qual deu o nome de santa liberdade. Passou pela ilha de Santa Lúcia, a caminho de terras de Santa Cruz, fixando  residência em S.Paulo, na rua de Santa Teresinha, onde viveu exilado por causa de um "santo" António que vivia em S. Bento e era natural de Santa Comba."
Irra, não sei se são os santos que são atraídos pelos heróis, ou se são estes que são seduzidos por aqueles. Seja como for à mesa onde se sentam uns há sempre lugar para os outros.


terça-feira, 20 de maio de 2014

Memórias

 
 
 
 
De tempos a tempos acontecimentos significativos, ou simplesmente a sucessão imparável dos dias, que teimam em se agrupar em anos, os quais olham uns para os outros com certo ar de saudade, de desencanto, ou mesmo de censura, fazem-nos sinal de paragem a fim de ponderar se a nossa bagagem vai suficientemente arrumada para podermos continuar viagem com um mínimo de segurança. Assim se aproveita o aniversário em que fizemos pela primeira vez o pino, ou outra qualquer pirueta, em que iniciámos algo ou alguma nova forma de existir, para a sós ou acompanhados por alguns transeuntes, e ou por uns quantos a nós ligados por laços que o tempo não desatou,  nos sentarmos e dizer: aqui cheguei...daqui vou partir, mas ...como, em que direção e procurando o quê...
Vivemos as nossas memórias, sublinhamos a nossa história, saboreamos a presença amável dos que connosco partilham essas memórias  e assim me encontrei com uns quantos que, imaginem...comigo terminaram há cinquenta anos o curso de formação. Cada qual foi à sua vida e quando ontem nos encontrámos tivemos de dizer uns aos outros quem somos, tal o tributo de vassalagem que cada um paga a meio século de viagem pelos múltiplos e diversificados caminhos do ser e do conviver.
É bom reconhecermo-nos, comunicarmo-nos, dizermo-nos e sentirmo-nos reconhecidos. Foi uma experiência muito grata que só o encontro gerou.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Uma certa forma de...

Raramente as coisas são o que poderiam ser e mesmo quando fazemos o nosso melhor tal não significa que tenha sido o melhor que podíamos e muito menos que tenha sido o melhor possível. Sempre a vida nos presenteia, em doses diversas, com uma sopa confecionada  com luz e sombra, entusiasmo e desalento, certeza e dúvida, dia e noite, sucesso e frustração, início de festa e fim de arraial.
Viver entre o talvez e o sim, o já e o ainda não, o ponderar e o decidir, a dúvida e a certeza, a recusa e a entrega, é uma peculiar forma de existir, que tanto pode provocar  dinamismo e crescimento como conduzir a uma paralisante e estranha forma chamada de subsistir. Cada um terá de olhar para o espelho e perguntar à sua imagem qual é a sua forma de ser, estar e existir, sabendo que nos encontramos algures entre um "já" e um "ainda não".
Na sequência deste caldo pensante transcrevo esta citação  que hoje me entrou pela janela:" Só há duas coisas que o podem incomodar: ter sucesso ou não ter sucesso. Se for bem sucedido, não há razão alguma para se incomodar. Se for mal sucedido, de duas uma: ou conserva a saúde ou fica doente. Se conserva a saúde, não há motivo para se incomodar. Se fica doente, de duas uma: ou sara ou morre. Se sara não há razão para se incomodar. Se morrer de duas uma: ou vai para o céu, ou vai para o inferno. Se for para o céu, não há motivo para se incomodar. Se for para o inferno, terá de cumprimentar tantos conhecidos, que não terá tempo para se incomodar.
Por isso vivamos a vida com calma. Façamos tudo como se dependesse de nós e confiemos como se tudo dependesse de Deus e nada de nós".

domingo, 5 de janeiro de 2014

Mensagem de início de ano

Chegou-me hoje às mãos um pequeno excerto da mensagem do bom Papa Francisco para este ano que está ensaiando os primeiros passos e que não resisto a partilhar com algum distraído que vá parar a este blogue: "Não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens. Não chores pelo que está morto, luta pelo que nasceu em ti. Não chores pelo que te abandonou, luta por quem está contigo. Não chores por quem te odeia, luta por quem te quer. Não chores pelo teu passado, luta pelo teu presente. Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade. Com as coisas que nos vão acontecendo, vamos aprendendo que nada é impossível de solucionar, apenas segue adiante."
Por mim sinto que esta atitude positiva, esta libertação consciente do peso que somos para nós mesmos e esta dinâmica de construção a partir da nossa própria realidade, é algo capaz de nos manter vivos e de rosto virado ao futuro.
Boa caminhada mesmo quando o caminho não passar de um trilho por onde for penoso e sombrio andar!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Saudação a 2014

Desejar que o ano que hoje se inicia seja um ano positivo é certamente uma atitude sadia, sobretudo quando tal significa desejar ao outro e a todo o outro que o melhor das suas esperanças se concretize, pelo menos numa aproximação que permita continuar a viver com otimismo. Aspiramos a  que seja um ano de afirmação individual e coletiva, que seja um tempo de construção da paz. Já bastam as contingências inerentes à nossa precária condição humana, quanto mais utilizar o engenho e a arte para provocar sofrimento, destruição e morte. Não é para isto que o ser humano, seja ele quem for e viva onde viver, existe.
Para os meus familiares e seus amigos e para os meus amigos e seus familiares quero que este ano que hoje começa seja vivido com alegria e otimismo. Para o meu país quero uma recuperação consistente da desastrosa depressão que o atinge. Para a humanidade a que pertenço quero caminhos de liberdade, progresso e solidariedade.
Apesar de serem desejos algo ineficazes, mesmos assim exprimem algo daquilo que sinto neste início de ano. Bom ano para vós que estais perto e para todos vós que estais longe, ou mesmo muito longe.