quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Linguagem e mensagem

É certamente difícil aceitar a diferença, sobretudo quando estamos convencidos que a nossa experiência de vida foi e é alicerçada sobre o que persecionamos como a verdade para nós inquestionável. A nossa visão persistentemente procurada e apurada, pode facilmente ser para o próprio critério de verdade e transformar-se em proposta irrecusável e rejeição de visões e leituras diferentes das nossas. Deus é, mesmo que eu negue a Sua existência, ou diga que é um produto de cabeças ignorantes, malévolas e sub-desenvolvidas. Querer chegar à mensagem sem contextuar a linguagem é continuar a afirmar que "todas as cartas de amor são ridículas", dando como razão que nunca escreveu cartas de amor, ou que nunca foi capaz de amar. Negar ou menorizar a mensagem porque não sintonizamos com a linguagem é corrermos o risco não apenas de não compreendermos donde vimos, mas também de não intuirmos para onde vamos. Assim ficamos limitados a ser um fugaz episódio ocorrido em determinado e louco momento histórico. Recuso-me a aceitar o "nada " como resposta de vida e o "sem sentido" como critério de existência. A Bíblia ajuda-me, percorrendo o penoso, dialéctico e por vezes contraditório caminho da evolução e da existência humana, a percepcionar Deus como Vida partilhada, Justiça misericordiosa, Liberdade libertadora e Verdade que ilumina as muitas sombras da existência humana.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nova Legislatura

Terminado o longo e por vezes cansativo e irritante período eleitoral é altura de assentar os pés no chão e pormo-nos de novo a caminho. Hoje abre a Assembleia Legislativa e aqui deixo uma especial saudação a todos quantos foram escolhidos como representantes do Povo Português para constituirem esta Assembleia Magna durante esta nova legislatura. Abre-se uma nova etape que vai ter características específicas, atenta a constituição da Assembleia, a necessidade de consensos mais trabalhados e os múltiplos desafios que enfrentamos. Confio em que mais importantes que as diferenças das várias visões de cada bancada, são as esperanças que todo o povo deposita na nova Assembleia da República. Qualidade, Inteligência, Responsabilidade, Ousadia, Dignidade, Competência, Racionalidade, Honestidade e Trabalho é tudo quanto exigimos reflectido na acção deste novo Parlamento.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Abundâcia Lusitana



Diz a sabedoria popular que "não há fome que não dê em fartura". Nos tempos da minha juventude aspirei pelos tempos em que no meu país se podesse, em liberdade e sem medo, escolher aqueles que dentre o povo fossem reconhecidos como os melhores para dinamizar a marcha rumo a novos patamares de progresso social, educacional, cultural e económico. A prespectiva de que o "poder de servir"se tem de sobrepor á ânsia do "poder de domínio" conduziu-me pouco a pouco à convicção de que não chega ter liberdade, mas é necessário aprender a ser livre. Viver em democracia não é fácil e exige um constante esforço de crescer individual e colectivamente. Este ano de 2009 é pródigo em actos eleitorais. Os "portugas" foram já votar para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e no próximo dia 11 do presente mês lá vão de novo votar para as Autarquias e Juntas de Freguesia. Não há fome que não dê em fartura! Desta vez é que ficamos todos esclarecidos sobre o que queremos para a Europa, para o País e para as Câmaras e Juntas de Freguesia! Estou contudo algo apreensivo, pois com tantos feudos entrincheirados nas fortalezas das suas certezas e sem vontade de abrir as portas para sair e concentrar esforços na construção da sociedade, receio que muito em breve tenhamos que "baralhar e dar de novo". É certo que estamos treinados, mas podíamos juntar o melhor das nossas propostas e começar a construir com o olhar fixo pelo menos no "depois de amanhã"! Quando terminam as eleições cada força política não fica dona dos eleitores que nela votaram, mas passa a ser propocionalmente responsável pelo sucesso das propostas aprovadas pelo maior números de votantes. Confrontem-se as ideias, discutam-se os programas, mas por favor ponham-se os interesses globais em primeiro plano, subordinem-se os interesses grupais aos interesses gerais. O tempo urge e o adiar a aplicação do necessário remédio só agrava a doença e torna mais difícil, dolorosa e prolongada a necessária recuperação, já que a cura de doenças crónicas é normalmente uma miragem difícil de alcançar.