domingo, 28 de dezembro de 2008

Reflexões de fim de semana


Nesta quadra natalícia em que uns fazem contas aos gastos efectuados em prendas de Natal, lastimando-se estes, alegrando-se aqueles, outros andam numa azáfama pensando no local onde irão apaziguar a sua inquietude interior num frenético ambiente de passagem de ano, à comunidade cristã católica é proposto que reflita um pouco sobre a família como espaço previligiado de realização pessoal e comunitário. Estes católicos são mesmo uns seres desenquadrados do seu tempo e do seu espaço! Então numa época em que o tendencialmente cada vez mais normal é a desarticulação da família, as mono-famílias, os filhos dos encontros ocasionais, os filhos de semana e de fim de semana, aparece esta espécie em vias de extinção a propor como referência a família de Nazaré: Jesus, Maria e José!? Será que um modesto carpinteiro, uma pacata dona de casa, e um jovem que crescia em estatura, conhecimento e graciosidade, podem formar uma célula familiar modelo? Há quem diga que sim e o insucesso dos novos modelos propostos e fácilmente seguidos, parece ao menos sugerir que talvez seja de parar para pensar. É certo que o tempo não volta para trás, mas será obtuso olhar para o futuro e construir a partir da responsabilidade e da prespectiva de que a família assenta num projecto de vida de duas pessoas que se amam em liberdade-responsável e em verdade-coerente? Será revelador de um pensar quadrado afirmar que é possivel educar os homens e mulheres de amanhã a partir do respeito pela vida que conduz à alegria de viver, do orgulho de ser pessoa que leve cada um a estimar-se e a ter respeito por si mesmo, do aprender a ser livre e da constante e inquietante procura da verdade que faz crescer em humanidade? Por mim sinto-me feliz por ter crescido debaixo dum teto que conjuntamente abrigava os meus pais, os meus irmãos e a mim próprio.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal de 2008


Hoje é dia de Natal! Há já algumas semanas que todos aguardávamos este dia! Finalmente chegou e cá está ele com a sua luminosidade própria, ampliada pela claridade dum sol de Inverno que mesmo não aquecendo os corpos amornece os corações. Viver o Natal experienciando um pouco de paz e harmonia é certamente sentir que a porta que dá acesso ao transcendente se encontra entreaberta, para nos possibilitar vislumbrar o sentido profundo da nossa existência individual e colectiva. Celebrar o Natal é sonhar um sonho lindo em que vislumbramos uma nova terra e uma nova humanidade em que a justiça brilha como a luz do archote e a harmonia é a nova canção cantada por todos os seus habitantes. Pura utopia sim, mas força dinâmica que, com a serena eficácia do fermento que leveda a massa, fará a seu tempo surgir o pão da justiça, do amor e da paz. Não consigo pensar Natal sem uma referência explícita a Jesus o Cristo. Natal sem Jesus é a mesma coisa que apalpar uma cabeça de alho chocho, só percepcionamos as cascas! Um certo silêncio desceu à nossa cidade, talvez para no seu inconsciente saborear a feliz notícia de que Deus entrou na nossa história humana e de que a nossa humanidade ascendeu à dignidade da transcendência divina. Glória a Deus e paz para os humanos é a grande mensagem do hoje de Deus vivido no agora da Humanidade.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Passeios na nossa Terra




No passado fim de semana minha mulher e eu oferecemos um ao outro uma pausa de descontração para melhor saborearmos e agradecermos os nossos 33 anos de casados. É sempre bom, saudável e reconfortante parar e apreciar com um sorriso no rosto o caminho andado, com o seu quê de irreverência o momento presente e com algum colorido de esperança o dia de amanhã. O nosso "boguinhas" levou-nos pacatamente pela A2 até Armação de Pera. É uma bonita, agradável e nesta época, pacata praia que, iluminada pelo soalheiro sol de Inverno, transmite paz, espelha luz e convida a olhar para um pouco mais além. Não foi a primeira vez que vagueei por aquelas paragens, mas é sempre com a sua pitadinha de encantamento que saboreio um peixe grelhado na praia dos pescadores ou num restaurante da beira-mar, que miro a capelinha da Senhora da Rocha, ou passeio ao lado daquela encantadora e amável mulher que arriscou calcorrear comigo os nem sempre serenos caminhos da vida. É bonita a nossa terra e a avaliar pelo número de visitantes que encontramos pelas ruas, não creio que este sentir seja sinal de mau gosto.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Reflexões de fim de semana


Neste fim de semana fui especialmente sensível a este pensamento de Goethe: "a alegria e o amor são as duas asas para as grandes acções". A grande e decisiva "acção"é certamente toda aquela intervenção que promova com optimismo o sentido da vida, o sentido da mudança e o surgimento duma nova dinâmica de crescimento individual e colectivo. É necessário tecer um novo "manto de justiça", endireitar muitos caminhos que apresentam demasiadas "curvas", aspirar a uma democracia mais "limpa", dar a primasia à ciência, à sabedoria e à cultura. Construir o futuro a partir das aspirações mais despoluidas, da ousadia de não reproduzir modelos já requentados, da inteligência e da razão esclarecidas, é o nobre desafio que, nesta difícil e arriscada 1ª década do século, surge no horizonte do nosso amanhã. Se não promovermos a alegria a partir do interior de cada um de nós, dificilmente podemos ficar à espera que uma qualquer "canção"anime o nosso caminhar.

O Natal está à porta . Tive a agradável oportunidade de ir esta tarde a um concerto de Natal promovido pela Junta de Freguesia do Lumiar e dado pelos quatro coros que existem nesta mesma freguesia. Parabéns a todos: promotores, executantes e participantes! Foi um bom contributo para manter a alegria de viver nesta quadra natalícia. Não esqueço a razão mais funda desta alegria, desta graciosa abertura a todos os outros, desta ternura que brilha nos olhos sonhadores das crianças que nos cercam e nos olhos um pouco cansados e adormecidos da criança que ainda existe em cada um de nós, que é o "grande sol da manhã" portador da luz dissipadora das muitas sombras envolventes.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Declaração Universal dos Direitos do Homem



Celebramos hoje os 60 anos da proclamação pelas Nações Unidas da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Esta declaração pelo seu carácter de universalidade constitui um avanço histórico no processo civizicional da humanidade. Mesmo quando algum ou alguns destes direitos não são respeitados, no todo ou em parte, pelos próprios estados membros das Nações Unidas,
uma nova mentalidade foi e está sendo criada e aprofundada, surgindo como Carta Magna à luz da qual vâo sendo lidos, analisados e julgados os compartamentos, as leis e as acções quer dos estados, quer das instituições, quer das relações inter-pessoais. Uma leitura atenta deste histórico documento é certamente uma forma fácil de vislumbrar a humanidade que duma forma ou de outra queremos ajudar a construir, pelo menos a partir de cada um de nós.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Reflexões de fim de semana


Neste fim de semana fui especialmente sensível a duas ou três propostas de reflexão que me chegaram vindas da celebração litúrgica em que tive o privilégio de participar:
-"que todo o vale seja preenchido e que seja nivelado o terreno desigual";
-"um dia perante Deus é como mil anos e mil anos como um dia";
-"a vida do ser humano tem sentido e só uma visão limitada à dimensão do tempo e do espaço pode dar a resposta de que somos obra do acaso".
Importa ir criando um ambiente que receba positivamente todos os esforços sérios empreendidos para que os vales sombrios provocados e mantidos pela injustiça sejam iluminados e aplanados. Como é possível a coexistência de vencimentos que rondam os 70.000 Eur. por mês com um ordenado mínimo nacional proposto e discutido de 450 Eur.?
A consciência de que a vivência do transitório pode abrir-nos à dimensão do transcendente, do infinito e de que a abertura à prespectiva do absoluto trás luz, sentido e consistência a cada hoje do nosso existir, é verdadeiramente uma visão libertadora. Cada dia é um eco da eternidade e cada pensamento transcendente é a exaltação de cada dia e de cada intervenção urgente no processo da construção da nova cidade.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Universidade da Terceira Idade do Lumiar


Aprender, ensinar, querer saber, ser capaz de ouvir quando nos parece que já ouvimos o suficiente, é certamente um sinal de vida e de maturidade. Vem isto a propósito da Universidade da Terceira Idade do Lumiar, iniciativa em boa hora empreendida pela Junta de Freguesia do Lumiar no ano lectivo de 2005/2006. É gostoso e saudável ver homens e mulheres vindos das diferentes áreas do saber e do fazer, partilharem com os seus pares, nesta fase da vida que se situa acima da barreira dos 65 anos, as suas sínteses, a sua sabedoria, a sua experiência, a sua presença e a sua vontade de aprender algo mais que os ajude a manter uma dinâmica de evolução positiva. É de facto saudável aprender com os iguais, com os mais idosos e com os mais novos, beneficiando com a presença e a disponibilidade de todos. Podermo-nos dar a conhecer e descobrir que afinal vivemos muito perto sem nunca repararmos uns nos outros é uma vivência que passou a estar ao nosso alcance. Saudar os implementadores, os organizadores e todos os intervenientes é, para além dum dever de justiça, também um incentivo que os ajude a sentirem alegria na acção que sustentam e desenvolvem. Podermo-nos encontrar porque isso é bom, aprender porque isso é interessante, ouvir os mais novos porque isso nos dá gosto, é um tónico reconstituinte e regenerador.

Qualquer dia volto a este tema, tanto mais que tenho à minha frente uma convocatória para a festa de Natal da UTIL.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Restauração


Para o meu País e para o seu povo a palavra "restauração"evoca independência, reconstrução, reparação dos estragos provocados pela luta fraticida dos detentores do poder, liberdade para construir o futuro. Esta memória colectiva ainda justifica que este dia seja feriado nacional. Recolhido por causa do frio e da chuva, ocupo um pouco de tempo pensando que "restaurar" significa fomentar hoje a urgência de empreendermos, individual e colectivamente, a árdua, exigente e urgente tarefa de "redescobrir a nossa identidade cultural", de "reconstruir", de fazer algo de novo, de investir no pensamento, de abandonarmos a mentalidade de telenovela alienante. É urgente o abondono da "partidarite", da política de conveniência, do espectáculo mediático. Como é possivel que tenhamos tantos "comentadores", tantos "sapientes", tantos "lideres", tantos ...tantos...tantos... e nos seja tão difícil congregar esforços para rumar com decisão pela via da renovação, da restauração, do sucesso construido, da qualidade?