terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Despedida

O ano de 2013 aproxima-se a passos apressados do seu fim. Não sei, se por remorsos pelo sofrimento, incertezas e protestos que proporcionou a tanta gente, termina choroso e sem qualquer sorriso que ilumine os nossos rostos. Foi um ano em que muitos reclamaram, muitos mais sofreram e não poucos desesperaram. Um ano a recordar como uma experiência coletivamente sofrida. Resta-nos voltar a face lá para as bandas do sol nascente e não permitir que com 2013 se esvaiam as  energias, esperanças e conjugação de esforços e de iniciativas que permitam a este pequeno, experiente e ousado país libertar-se da atrofia que o enferma e das cadeias com que levianamente se deixou aprisionar. Adeus 2013 e ainda bem que subsistimos para te recordar.

 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

NATAL 2013

Este Natal apresenta-se chuvoso e frio, convidando ao aconchego do encontro connosco mesmos, com os nossos mais próximos e a uma mais abrangente abertura que nos proporciona uma maior perceção de que somos solidários com uma vasta humanidade e que somos a consciência desta temporalidade em que nos é dado existir.
Por isso nos comunicamos com mensagens amáveis, nos desejamos paz e realização, oferecemos e recebemos iguarias e sonhos de felicidade.
Seria limitação e incongruência minha se não desse os meus especiais parabéns a Jesus de Nazaré. Não me preocupa que seja ou não a celebração do aniversário do Seu nascimento, o importante é que nasceu, pertence à nossa raça humana, continua a ser portador dum projeto de vivência e realização humana e a todos aqueles que não se resignam com a mortalidade vai repetindo: "Eu vivo e vós vivereis". Parabéns, estou feliz porque posso celebrar o Seu nascimento.
A todos aqueles que lerem esta mensagem natalícia e através deles a muitos mais, desejo a alegria de viver, a felicidade do encontro fraterno, a esperança que permita avançar como quem vai construir algo de novo. Para nos saciarmos vamos encher as nossas mesas com abundância de ternura, amor e perdão e abrir as nossas janelas interiores para não nos esquecermos do que está para além de nós. Vamos com a nossa pequena pedra participar na construção do edifício da paz. Se lavarmos e focarmos bem os olhos do nosso interior veremos o sorriso divino refletido no rosto daqueles a quem mais amamos. BOM NATAL !




segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal

É tão normal desejar um feliz Natal como em cada ano celebrarmos a festa de Natal. O avanço do calendário, a dinâmica social e a herança cultural dizem-nos que o 25 de Dezembro é dia de encontro e de festa. Os seguidores de Jesus de Nazaré foram ao longo dos tempos seculares insistindo em que a vida humana, mesmo quando vivida sem um mínimo de qualidade, é sempre digna de ser vivida. E tanto insistiram que  ficou gravado na estrutura socio-cultural das nossas sociedades a necessidade de nesta quadra do ano se fazer festa, celebrar o encontro, afirmar a dignidade da pessoa humana e promover gestos de partilha que de alguma forma afirmem o que de melhor existe em nós e exorcizem as culpas individuais e coletivas derivantes da ânsia excessiva do ter e do poder. É certo que tudo, ou quase tudo, voltará ao mesmo, mas mesmo assim ficamos tristes se não nos for permitido sonhar um pouco e pelo menos por um dia esquecer as agruras existenciais.
Que para todos haja uma pausa para fazer a festa da vida, revitalizar o encontro e sonhar que haveremos ainda de colher no futuro os frutos da "árvore da vida".
Boa celebração de Natal!
 





segunda-feira, 1 de abril de 2013

escândalo e loucura

Neste dia seguinte à celebração da Páscoa cristã o que seria normal esperar é que quantos se assumem como aderentes ao celebrado Jesus de Nazaré, que calcorreou os poeirentos caminhos da Galileia em tempos mais que suficientes para apagar qualquer memória, pulassem de alegria e pasmo. É que isto de afirmar que a humanidade matou a Vida é um escândalo e proclamar que a experiência da morte é também o início duma nova forma pessoal de viver é uma loucura. Vai contra o bom senso e esbarra contra a razão. E apesar da falta de bom senso e da não racionalidade, a convicção de que o apelo à vida é mais forte que a persistência da morte tem progressivamente moldado a história e sido fermento de crescimento civilizacional. De facto o bom senso, mesmo quando levado a sério e a razão mesmo quando esclarecida, não conseguem responder a tudo o que transborda para lá das margens do seu limite. Há certezas que se alicerçam não sobre o mensurável mas sobre o" para além" do bom senso e do razoável e essas certezas encerram dinâmicas transformadoras da vida pessoal, colectiva, civilizacional e histórica. A proposta de forma de viver do Profeta da Galileia encerra elementos potenciadores de constante avanço de cada pessoa e da humanidade na sua marcha evolutiva. Aprender a viver como Ele viveu é também aceitar a mortalidade como uma etape no processo de promoção de cada pessoa em particular e da humanidade como um todo.
Já não posso conviver com o Cristo histórico, mas sinto-me interpelado a conviver com o Cristo da fé. Por isso nesta Páscoa aceito como referência a Sua proposta de viver e conviver, anuncio a Sua morte, proclamo a Sua ressurreição e confio que no meu futuro me encontrarei com Ele e não só eu mas também quantos constituirem no passado, no presente e no futuro a humanidade de que Ele faz parte.

 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2013

 
 
 
Era costume dizer-se aquando do início dum novo ano : "ano novo vida nova". Até se chamava ao primeiro dia do ano dia de "ano bom". O ano de 2013 apresentou-se e as credenciais de que é portador não parecem ser muito auspiciosas no que se refere à dimensão social, económica e política. A luz da esperança colectiva continua pálida, o ânimo faz parceria com o desânimo, a partilha continua a ser reclamada pela necessidade, a prevenção é mais motivadora do que a inovação e a expectativa torna-se em espera paralisante. E apesar de tudo isto é necessário enfrentar o novo ano com a coragem de quem sabe que o ânimo dum povo é mais forte, mais inventivo e mais empreendedor que as muitas adversidades que em cada etapa do seu progredir vai tendo de enfrentar. Assim junto neste dia, que é o primeiro deste ano de 2013, o meu sentimento de conjugação de energias  e de querer colectivo para empreender-mos com raiva e persistência as tarefas necessárias para começar a sarar as dolorosas feridas colectivas que continuam a sangrar e a provocar tanto sofrimento e tanta frustração.
 Saúdo os que mais sofrem, os que vêem as suas vidas caírem no vasio, os que são cilindrados pela tragédia do desemprego desesperado, os que se viram transformados em gente de mão estendida. Não podemos esbanjar a energia colectiva.
Saúdo os meus concidadãos que de forma honesta, persistente e inventiva servem o bem comum na diversidade das múltiplas funções, especialmente a função política.
Repudio a arte do populismo que tenta cavalgar o justo descontentamento para aceder mais facilmente à tribuna do poder. Somos vítimas do irresponsável exercício do poder e o que menos necessitamos é do castigo de respostas irresponsáveis diferenciadas apenas pela cor da tinta com que são escritas as palavras.
Apesar de tudo o futuro está à nossa frente e não lhe podemos voltar a nossa cara. Bom ano de 2013.