domingo, 30 de novembro de 2008

Partilha


A palavra "partilhar" é certamente uma das palavras fortes, portadoras duma força energética capaz de acrescentar algo de novo e de surpreender as mentalidades alcantonadas na sua fortaleza defensiva e monolítica. Quando partilhamos o sonho e o nosso imaginário surge a poesia, o romance, a descoberta, o novo, a arte, o diferente...; quando partilhamos o nosso esforço convergente surge a obra que se perfila e admiramos como monumento, como organização de qualidade, como intervenção de sucesso...; quando partilhamos o conhecimento e o saber desmitificamos a ignorância falaciosa e arrogante, exorcisamos o nosso "triste fado"e o medo endémico de sair do nosso casulo...; quando partilhamos um pouco dos nossos bens surgem os vários tipos de" bancos alimentares contra as fomes"...; quando partilhamos o nosso tempo surge o exército dos voluntários que fazem a libertadora experiência do serviço gratuito...; quando partilhamos a ternura, a afabilidade, o acollhimento, o optimismo, a disponibilidade, descobrimos que afinal não dividimos, não separamos, não empobrecemos, não paralizamos, mas crescemos, tornamo-nos mais fortes, mais empreendedores, mais imaginativos, mais capazes de olhar o presente desde a prespectiva do futuro.

sábado, 29 de novembro de 2008

A luz na cidade


A minha cidade está iluminada. Está mais bonita e acolhedora quando chega a noite. Dá gosto passar à noite pelas ruas engalanadas de luz. Mas o que se passa de tão importante para levar a que achemos bem, numa fase de carestia energética, gastar assim no supérfluo, no visual, na maquilhagem da velha senhora, que gasta uma fatia da sua magra pensão para se mostrar bem ataviada na romaria organizada pela sua aldeia á senhora dos aflitos? Esta tarde fui ao supermercado e os meus ouvidos transportaram ao meu consciente esta mensagem: "despacha-te, acorda, compra, não te atrases, temos aqui muita coisa supérflua e inútil que podes levar, para depois os teus familiares e amigos poderem usufruir da alegre oportunidade de participar no esforço comum de enchimento acelerado dos contentores de reciclagem". A associação da luz ao consumismo irracional deixou-me triste. Quero acreditar que os homens e mulheres da minha cidade ainda pensam sobre o sentido da vida, sobre a alegria do encontro simples e afável, sobre a ternura duma criança que nasce e sorri, sobre a cordialidade na relação humana. Compreendo que o comércio tente vender-me qualquer utilidade ou inutilidade para arrecadar uma parte ou a totalidade do subsídio de Natal, mas não abdico da minha racionalidade.

domingo, 23 de novembro de 2008

Reflexões de fim de semana


Este fim de semana dei por mim a reflectir sobre a minha relação com o poder. Veio esta ginástica mental a propósito da celebração litúrgica realizada pela comunidade cristã católica neste último domingo do ano litúrgico. É a celebração da festa da evocação de Jesus Cristo como o Senhor. O reconhecimento e aceitação de Jesus como Deus e Senhor do universo que me é proporcionado pela profundidade da visão da fé, amplia a minha concepção de liberdade pois relativisa a minha relação com todos os pequenos poderes que, com mais ou menos brilho, se perfilam no horizonte da minha existência temporal. Estou a pensar no poder-dinheiro, no poder-influência, no poder-sedução, no poder-comunicação, no poder-consumismo, no poder político, no poder da religião e em tantos outros poderes que, cada qual utizando a sua estratégia, procuram condicionar a minha liberdade, propondo-se como resposta e critério de verdade e de realização pessoal. Não prestarei vassalagem a nenhum desses poderes transformados em semi-deuses. Presto homenagem a todos os homens e mulheres meus contemporãneos que com coragem colocam a parcela de poder que lhe foi proporcionado ao serviço dos seus semelhantes.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Reflexões de fim de semana


Neste fim de semana , tal como é meu hábito, dispus-me a deixar-me sensibilizar ao convite a uma pausa de reflexão. Das várias propostas que me chegaram, vindas das mais variadas origens, retive três que, sem desprimor para as muitas outras, mais retiveram a minha atenção:
-Que seja proclamada e louvada a intervenção da mulher pela sua acção decisiva na gestão da afectividade, na abertura aos vários tipo de carências e na promoção do bem estar.
-È necessário viver em estado de atenta vigilância para não nos deixarmos adormecer pelas várias, constantes e diversificadas mensagens que mais do que um convite á refexão são autênticas injeções de produtos anestesiantes.
-Manter e promover uma dinâmica de crescimento e desenvolvimento das capacidades individuais e colectivas que promovam o bem estar e a qualidade de vida, é sem dúvida uma intervenção que dignifica qualquer pessoa. Honra pois a todos os homens e mulheres que não desistem de evoluir e que com a sua acção promovem a sua qualidade de vida promovendo o bem estar do outro e de todos os outros.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Magustos


Estamos na semana do S. Martinho, cuja memória se celebra a 11 de Novembro. Faz parte da nossa cultura de raiz agrária promover o convívio partilhando alguns frutos da terra característicos desta época do ano,a saber: castanhas e vinho. Este convívio é realizado preferencialmente à volta da fogueira onde se assam as castanhas e se aquecem as mãos pois o tempo já vai refrescando. É pois um bom costume a promover, pois fomenta o encontro simples das pessoas, o consumo destes produtos e a repescagem das nossas raizes culturais.
Convívio e partilha são palavras chave desta época.
Mas quem foi S. Martinho? Diz a História que S. Martinho nasceu em 316 da era cristã, esteve no exército romano e ao encontrar um pobre cheio de frio cortou ao meio com a espada a sua capa de oficial e deu-lhe metade, ficando com a outra metade. Converteu-se ao cristianismo tendo-se baptizado em Amiens em 339. Em 371 foi ordenado Bispo de Tour, onde morreu e foi sepultado com a idade de 80 anos. As palavras que marcaram a sua vida foram: Jesus Cristo,abertura aos outros, partilha,serviço e vida com sentido.