domingo, 23 de maio de 2010

a luz




Pelo menos na dimensão de tempo e espaço em que nos movemos é difícil encontrar seres vivos em ambientes totalmente privados de luz. A vida vegetativa e a vida animal reclamam por luz para poder subsistir e evoluir. A ausência de luz não nos permite ver as formas das realidades que nos cercam e a escuridão limita-nos ou impede-nos de ver a realidade das realidades. Quando as realidades estão bem iluminadas estas tornam-se mais facilmente compreensíveis e quando estamos banhados de luz o exterior mais facilmente nos pode conhecer e compreender. A luz natural tem como origem o sol, a luz artificial aponta para uma qualquer fonte energética, a luz do saber alimenta-se do conhecimento reflexivo e a luz do espírito anuncia um Sol não mensurável por qualquer instrumento medidor do tempo, do espaço, da força energética ou da composição da matéria. É impossível definir o que é a "luz do espírito", mas é intuitivo apercebermo-nos da novidade e do surpreendente da sua presença transformadora. Neste fim de semana em que se celebra a festa do Espírito Santo, a festa do Pentecostes, resta-me invocar a "Luz do Espírito"para todas as mentes humanas, especialmente de quantos definem os destinos dos povos, das nações, das igrejas e das religiões. Que o "SOL" que não conhece ocaso projecte a Sua luz transformadora sobre a nossa realidade humana!

domingo, 16 de maio de 2010

acontecimentos marcantes




A semana que ontem terminou não foi certamente menor nem impreciva para o Povo Português na sua globalidade. Dois acontecimentos relevantes nela se destacaram, a saber: a visita do Papa a Portugal, em geral e à Comunidade Cristã Católica, em particular, e o diálogo iniciado entre os presidentes do PS e do PSD. Como português e como católico acho que a visita do Papa nos honrou e foi uma digna e mutuamente dignificante viagem apostólica: o Povo Português acolheu com dignidade, ouviu com atenção e respondeu com respeito e reconhecimento; a Comunidade Cristã Católica rejubilou de alegria, celebrou a sua comum união ao Senhor Jesus e confirmou através da oração comunitária a sua fé e de forma digna e descomplexada louvou a Deus perante "todos os povos, nações e poderes que existem à face da Terra". É bom, saudável e motivador sentir que somos acolhidos, reconhecidos e entusiasmados. Aplauso pois para o Povo Português que, quando congrega esforço, inteligência, vontade e sentimento é capaz de fazer coisas muito bonitas. O Papa veio, esteve connosco e partiu, mas algo de muito estimulante e marcante ficou na história deste Povo e desta Comunidade Cristã vivido neste Maio de 2010.
Ainda uma referência aos encontros ocorridos entre o presidente do PS e o presidente do PSD. Já estava cansado de ouvir falar da necessidade fundamental de convergência de esforços, mas sobressaía sempre a lógica dos interesses partidários sobre a urgência do bem comum. Foi preciso chegar ao limite para se dar início ao diálogo que não é sinónimo de perda, mas de ganho a favor do bem comum. Estes passos honram os intervenientes e são sinal de esperança perante a depressão que se abate sobre as condições de vida de todo o povo, mormente começando pelos mais frágeis, mais desprotegidos e mais condicionados pela falta de esperança.

domingo, 9 de maio de 2010

transitório e definitivo



Neste fim de semana em que se evoca, através da leitura de parte do capítulo 15º dos Actos dos Apóstolos, o concílio de Jerusalém, o primeiro da comunidade cristã nascente, anuncia-se com ênfase a visita de Bento XVI à Comunidade Cristã Portuguesa e de forma mais alargada a todo o Povo Português. Seja benvindo e acolhido com entusiasmo. A sua presença é mão apontando para Aquele que desde o futuro da humanidade congrega para a construção da "nova cidade", em que a harmonia entre os humanos e destes com o transitório e com o definitivo, seja o nova forma de viver e conviver. O Papa não vem como modelo perfeito de humanidade, nem como fonte de santidade, nem como critério absoluto de verdade. Quer se concorde com ele no todo ou só em parte, no essencial ou também no acessório, no definitivo ou também no transitório, o certo é que acolhê-lo é acolher, de forma implícita ou explícita, Aquele de que a sua existência é anúncio. Assim experienciar a presença física de Bento XVI no meu país é motivo para renovar a minha adesão a Jesus Cristo como o Senhor da História, a Quem presto honra e glória com a vinda do Papa à nossa terra. No concílio de Jerusalém Pedro foi confrontado e contestado e a sua confusão e hesitação face ás novas realidades culturais e sociais foi o ponto de partida para que a Comunidade Cristã, por acção do Espírito Santo, se abrisse à universalidade. As atitudes monolíticas, as teorias de um único pensante, a preocupação de manter a unidade a partir do acessório, do transitório, dos tabús, do silêncio, das excomunhões, podem ser um sedutor e procurado suporte para uma estrutura de poder, mas não são caminho de superação e de descoberta de novas respostas para as sempre surpreendentes realidades humanas.

domingo, 2 de maio de 2010

homenagem à vida


Hoje é dia de adquirir um ramo de flores, reais ou afectivamente imaginadas, para oferecer como gesto de gratidão ao dom da vida e a todas aquelas mulheres que ao longo da história humana assumiram não apenas o seu papel de progenitoras mas sobretudo a missão da maternidade. Uma flor para Eva, a mãe de todos os humanos que teve a ousadia de querer conhecer o "bem e o mal" e a intuição de que os seus descendentes viriam a "ser como deuses" vencendo a barreira da mortalidade. Uma flor para Maria de Nazaré que a partir da consciência da sua limitacão é capaz de acreditar que a Deus "tudo é possível" e assim se tornar na mãe da nova humanidade que, em Cristo, torna efectiva a comunhão entre a dimensão divina e a dimensão humana. Uma terceira flor para Maria, "a mulher do Serafim dos Casais Novos," aquela mulher pobre, analfabeta, batalhadora e rude como as estevas do monte, que me gerou, me embalou e me fez crescer à sombra do seu sonho e impulsionado pela sua força anímica. Esta, como as anteriores, já não faz parte do número dos mortais, mas a sua presença continua a inspirar a minha existência e a manter vivo este sentimento de profunda admiração e ilimitada gratidão.