domingo, 9 de setembro de 2012

a porta


Uma porta que se fecha pode ser uma oportunidade perdida e uma porta que se abre pode ser a perda duma desejada independência. Assim quando abrimos uma porta tanto podemos perder a nossa independência como promover a nossa libertação e quando fechamos a nossa porta tanto podemos protegermo-nos dum vendaval como correr o risco de ficarmos asfixiados.
Não basta pois abrir portas e fechar portas. Isso seria fácil e estaria ao alcance dum qualquer autómato. É preciso saber que portas abrir e que portas fechar, quando abrir e quando fechar, para quê abrir e para quê fechar.
Num tempo de intempérie como este em que vivemos todos nos queremos abrigar da tempestade de forma que cada um fique a salvo da tormenta. O problema é que cada um isoladamente não consegue subsistir sem ser arrastado pelo turbelinho da insegurança, nem ficar a salvo do desencanto.
Cada pacote de austeridade denunciada abre a porta a novo pacote de austeridade proclamada e cada sonho num auspicioso futuro vislumbrado, abre caminho a um pesadelo sempre mais traumatizante. Cresce a multidão dos deserdados da sorte, engrossam as fileiras dos depojados, reduz-se o número dos medianos que se preparam assustados para entrar no clube dos nus e esfarrapados. Por sobre a terra dos errantes, dos habitantes dos baldios e dos que vivem do quase nada esvoaça toda a espécie de aves de rapina.
Temos pobres a mais , desempregados a mais, demagogia a mais, previlégios a mais. cobardia a mais, concentração de riqueza a mais, deputados a mais, pseudo-politicos a mais, fortalezas a mais.
E pensar eu como foi possível que a irresponsabilidade acumulada de muitos que ainda se passeiam com ar trinfante e salvador pelas ruas das nossas cidades nos tenha conduzido a esta situação onde a lamúria e o desencanto são a normal forma de viver e de conviver!
Quando fomos formatados para ser cigarra é duro aprender a ser formiga.