segunda-feira, 1 de abril de 2013

escândalo e loucura

Neste dia seguinte à celebração da Páscoa cristã o que seria normal esperar é que quantos se assumem como aderentes ao celebrado Jesus de Nazaré, que calcorreou os poeirentos caminhos da Galileia em tempos mais que suficientes para apagar qualquer memória, pulassem de alegria e pasmo. É que isto de afirmar que a humanidade matou a Vida é um escândalo e proclamar que a experiência da morte é também o início duma nova forma pessoal de viver é uma loucura. Vai contra o bom senso e esbarra contra a razão. E apesar da falta de bom senso e da não racionalidade, a convicção de que o apelo à vida é mais forte que a persistência da morte tem progressivamente moldado a história e sido fermento de crescimento civilizacional. De facto o bom senso, mesmo quando levado a sério e a razão mesmo quando esclarecida, não conseguem responder a tudo o que transborda para lá das margens do seu limite. Há certezas que se alicerçam não sobre o mensurável mas sobre o" para além" do bom senso e do razoável e essas certezas encerram dinâmicas transformadoras da vida pessoal, colectiva, civilizacional e histórica. A proposta de forma de viver do Profeta da Galileia encerra elementos potenciadores de constante avanço de cada pessoa e da humanidade na sua marcha evolutiva. Aprender a viver como Ele viveu é também aceitar a mortalidade como uma etape no processo de promoção de cada pessoa em particular e da humanidade como um todo.
Já não posso conviver com o Cristo histórico, mas sinto-me interpelado a conviver com o Cristo da fé. Por isso nesta Páscoa aceito como referência a Sua proposta de viver e conviver, anuncio a Sua morte, proclamo a Sua ressurreição e confio que no meu futuro me encontrarei com Ele e não só eu mas também quantos constituirem no passado, no presente e no futuro a humanidade de que Ele faz parte.