terça-feira, 6 de outubro de 2009

Abundâcia Lusitana



Diz a sabedoria popular que "não há fome que não dê em fartura". Nos tempos da minha juventude aspirei pelos tempos em que no meu país se podesse, em liberdade e sem medo, escolher aqueles que dentre o povo fossem reconhecidos como os melhores para dinamizar a marcha rumo a novos patamares de progresso social, educacional, cultural e económico. A prespectiva de que o "poder de servir"se tem de sobrepor á ânsia do "poder de domínio" conduziu-me pouco a pouco à convicção de que não chega ter liberdade, mas é necessário aprender a ser livre. Viver em democracia não é fácil e exige um constante esforço de crescer individual e colectivamente. Este ano de 2009 é pródigo em actos eleitorais. Os "portugas" foram já votar para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e no próximo dia 11 do presente mês lá vão de novo votar para as Autarquias e Juntas de Freguesia. Não há fome que não dê em fartura! Desta vez é que ficamos todos esclarecidos sobre o que queremos para a Europa, para o País e para as Câmaras e Juntas de Freguesia! Estou contudo algo apreensivo, pois com tantos feudos entrincheirados nas fortalezas das suas certezas e sem vontade de abrir as portas para sair e concentrar esforços na construção da sociedade, receio que muito em breve tenhamos que "baralhar e dar de novo". É certo que estamos treinados, mas podíamos juntar o melhor das nossas propostas e começar a construir com o olhar fixo pelo menos no "depois de amanhã"! Quando terminam as eleições cada força política não fica dona dos eleitores que nela votaram, mas passa a ser propocionalmente responsável pelo sucesso das propostas aprovadas pelo maior números de votantes. Confrontem-se as ideias, discutam-se os programas, mas por favor ponham-se os interesses globais em primeiro plano, subordinem-se os interesses grupais aos interesses gerais. O tempo urge e o adiar a aplicação do necessário remédio só agrava a doença e torna mais difícil, dolorosa e prolongada a necessária recuperação, já que a cura de doenças crónicas é normalmente uma miragem difícil de alcançar.

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