terça-feira, 11 de agosto de 2009

A arte de fazer rir



Passar pela vida assumindo, de forma bem conseguida, como grande função fazer rir os demais é certamente um privilégio de que poucos se podem gabar, sobretudo quando essa maneira de ser e de estar é acolhida e correspondida pela comunidade humana na qual se está inserido. Descobrir o lado lúdico das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, dos sucessos e das frustações e partilhá-lo de forma simples, respeitadora e em linguagem não ofensiva nem deprimente, é uma forma de libertar as pessoas do lado sombrio que acompanha sempre cada intervenção humana por mais rotineira, episódica, ou surpreendente que ela seja. Raul Solnado passou décadas da sua vida temporal fazendo rir as pessoas, brincando com o lado lúdico da vida, dizendo humorìsticamente na praça pública que afinal o "rei ía nú" e que não havia tecido suficiente para cobrir tanta nudez. Muitas vezes o ouvi cantar: "português ou mal-me-quer, em que terra foste semeado; português ou mal-me-quer, cada vez andas mais desfolhado". Parece que estou a ouvi-lo do lado de lá da fronteira do tempo e do espaço, onde já ninguém "desfolha"o seu igual, dizer com o seu sorriso feito de sátira, de malícia amável e de mistério infantil: "façam favor de ser felizes!". Aqui deixo a minha homenagem ao homem que foi a expressão do sentir comum do "zé povinho português"que, no meio das dificuldades da vida, lá vai resistindo e dizendo: "tristezas não pagam dívidas", "pobrete mas alegrete"!.


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