segunda-feira, 6 de junho de 2011

O dia seguinte

Dificilmente o dia seguinte é igual ao dia que o antecedeu, ou porque está mais sol e mais calor, ou porque está mais nublado ou, ou... De facto o dia de hoje está menos claro que o dia de ontem, apesar deste se ter apresentado com um certo calor de trovoada.
Ontem o povo saiu á rua de forma ordeira e pacífica como quem vai realizar um ritual comemorativo, mas também como quem vai iniciar uma nova jornada matizada com as cores da esperança e da apreensão. Foi dia de eleições legislativas que decorreram com laivos de solenidade e de celebração da igualdade. Cada qual tinha um voto e tanto valeu o voto do pobre como o voto do rico, o voto do sábio como o voto do ignorante, o voto do que ganha o salário mínimo como o daquele que saca por mês o equivalente a cem anos ou mais desse  referido salário. Por um momento fomos todos iguais em valor.
No final da tarde e já as luzes da cidade supriam a retirada do sol, assistimos com o espanto de muitos, com a satisfação de muitos mais, com a triunfante resignação de bastantes e a mal disfarçada desilusão duns tantos, ao resultado da votação transformada em decisão soberana. Como consequência dessa magna decisão Sócrates, enquanto político, tomou a sua dose de cicuta, Paulo espreitou à porta do poder e Passos subiu as escadas do palanque do poder instalado no meio da grande praça da República. Cantou-se o Hino Nacional e fomos todos descansar pois o dia seguinte era dia de trabalho.

Passos Coelho pertence à nova geração de jovens políticos e se não se pode apoiar na sua experiência de governação, pode e deve olhar para o futuro e a partir da expectativa dum povo e assente na realidade do presente construir honradamente e em cada dia a concretização da esperança colectiva. Para ele invoco a inteligência e a sabedoria nos muitos momentos de solidão que vai ter de viver antes das muitas decisões. Que sejam dados passos decididos no caminho da honradez, da Justiça, da coesão social  e do crescimento integrado. O quintal está cheio de ervas daninhas que ameaçam abafar algumas das boas árvores anteriormente plantadas.

Saudações ao novo primeiro Ministro e ao novo Governo que em breve vai ser constituído.

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