domingo, 11 de abril de 2010

a dúvida

A grande certeza é que as nossas certezas, mesmo aquelas que alicerçam o mais profundo das nossas convicções, se apresentam mescladas de luz e de sombra, de já mas ainda não, de descoberta e de procura, de encontro e desencontro. Viver entre a dúvida metódica e a certeza provisória é a única proposta que surge diante de quem caminha de rosto erguido, mas admitindo sempre que pode cair ou magoar-se nas pedras do caminho mais ou menos acidentado, mas nunca totalmente plano. As nossas pequenas certezas para terem alguma consistência têm de passar pelo crivo da experiência. Quem não vive não tem certezas de vida e quem não viu não pode ser testemunha credível do acontecimento. Hoje evoca-se a figura de S. Tomé, essa personagem que perante a certeza de todos teve a coragem de afirmar: "se não vir não acreditarei" e daí herdámos a expressão de "preciso de ver para crer".
A Assembleia da Répública aprovou o Orçamento de Estado para 2010 e disseram-nos que era um orçamento justo, responsável e de recuperação. Quero ver para crer.
Foi aprovado o PEC e disseram-nos que em 2013 a nossa economia estará mais robusta e as finanças públicas estarão equilibradas. Quero ver para crer.
Este fim de semana realizou-se o Congresso do PSD-PPD e afirma-se que vai dar-se início a um novo ciclo carecterizado pela responsabilidade política. Quero ver para crer.
Diz-se que os novos submarinos servem para andar na água e não para meter água. Quero ver para crer.
Afirma-se que a Justiça vai, por acção eficiente das múltiplas "comissões de inquérito", deixar de ser essa manta velha cheia de buracos. Quero ver para crer.
Defende-se que os arábicos salários de muitos gestores de empresas públicas, semi-públicas, e privadas são justos porque são legais. Não vejo nem consigo acreditar.

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