domingo, 4 de março de 2012

Cada vez mais do mesmo

Tudo indica que no que toca aos ideais da liberdade, da  igualdade e da fraternidade os progressos são muito mais no sentido negativo do que no sentido da realização individual e colectiva. Apesar das encenações levadas a efeito para serem ampliadas pela comunicação social, fico com a desencantada sensação de que o que mais interessa é arregimentar as hostes para em tempo julgado oportuno avançar para a conquista da fortaleza do poder. O que seria dos nossos políticos se não tivessem atrás de si os holofotes e as câmaras da televisão? Seriam ainda reconhecidos por algo de importante que tenham feito a favor deste povo? Teriam ainda algo de motivador e construtivo a transmitir? Continuariam a sair ás praças da cidade e ás ruas das aldeias para levarem a mensagem mobilizadora e sem medo de mostrar a sua diminuta estatura? Quando virá o dia em que as organizações e instâncias   responsáveis pela penúria em que estamos colectivamente mergulhados tenham a coragem de assumir que foram os obreiros da calamidade que avança impiedosa sobre milhões de portugueses? Se não há a coragem para assumir o fracasso como se pode ter a ousadia de se apresentarem perante a sociedade como libertadores da opressão que os próprios promoveram?

Chegou a notícia de que foi descoberto um primeiro lote de trezentos que transferiram milhões para os chamados paraísos fiscais. Já se sabe de há muito que uma minuria deste povo é senhora da grande  maioria dos bens e recursos e que uma maioria deste mesmo povo vive e trabalha para alimentar a manutenção desta forma absurda de gerir o bem comum. Será que muitos não poderiam viver muito bem com um pouco menos e que muitos mais poderiam viver um pouco menos mal com um pouquito mais?

Apesar de todas as contradições continuo a apoiar, ainda que com a eficiência da minha  insignificância, todos os esforços que os homens sérios e justos deste meu país estão fazendo para colectivamente sairmos desta situação deprimente que avança mais rápido que qualquer doença contagiosa.

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