domingo, 14 de março de 2010

Gerir o ingerivel



A semana que terminou e a que começa estão sob a influência, não sei se benévola ou se malévola, do Orçamento do Estado para 201o e da discussão do Plano de Estabilidade e Crescimento para o triénio seguinte. Veremos se o referido orçamento é mais que um "urçamento" e se o procurado "PEC" não se transformará num "pic"(plano de instabilidade crescente). É certo que "casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão"e que adiar a tomada de decisões inadiáveis não resolve nenhum problema. Importa que as decisões sejam ponderadas, concertadas e implementadas com sentido de responsabilidade. As doenças graves não têm curas rápidas e a ausência de perspectivas e objectivos claros não mobiliza para a recuperação consistente. Tudo isto são lugares comuns e por isso é difícil compreender porque é necessário tanto paleio para concluir o que é demasiado óbvio. Parece haver sempre mais uma razão para protelar: umas vezes é porque a esquerda está partida, outras porque a direita está anémica, outras porque o centro é gelatinoso e outras ainda porque um corpo com estas mazelas é incapaz de definir com sucesso e em tempo útil qualquer objectivo mobilizador. Quanto mais "papas de linhaça" mais a infecção avança. Quanto mais fantasmas a atormentar-nos, mais vampiros a sugar o pouco sangue do corpo colectivo.
Quer nos reconheçamos como crentes ou descrentes, quer por motivações sociais ou também religiosas, o certo é que estamos todos em tempo de efectiva quaresma e num tempo em que, quer queiramos quer não, todos somos chamados a algum jejum a favor do corpo colectivo. E se assim é que o façamos de forma assumida e não como cativos levados acorrentados para uma qualquer babilónia. A aurora da vida chegará, só não sei se ao terceiro dia, se ao terceiro ano, ou se é preciso que passe esta geração que se ufana de ter como paradigma de sucesso o"ter" por qualquer meio e o "poder" por qualquer preço.

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