segunda-feira, 29 de março de 2010

incrível

Um artesão com a arte de carpinteiro, um burrito, umas vestes a servir de albarda, umas crianças e uns populares ostentando alguns ramos de oliveira e de palmeira e aí temos um acontecimento, que, pasme-se, continua a ser relembrado dois milénios passados. Ou a História enlouqueceu, ou o anedótico virou sucesso, ou o contraponto aos padrões dominantes foi de tal forma escandalizante que provocou uma gargalhada tão sonora que chegou aos ouvidos de muitos dos meus contemporâneos. E o que mais surpreende é que alguns dias depois este carpinteiro é acusado de ser aclamado como rei, de subverter a ordem estabelecida, de ter a louca ousadia de se afirmar filho de Deus e de conviver com os marginais. Os detentores do poder político, do poder religioso e do poder económico, alicerçados na ordem imposta e na moral de conveniência, não gostaram da ousadia, do ridículo, da loucura e da fantasia espontânea. Não se podia jogar impunemente com os alicerces considerados inamovíveis. Há fantasmas que não podem ser acordados, por isso esperem mais ums dias para verificar que nesses tempos a justiça funcionava célere e era cumpridora eficiente da lei.

Sem comentários: