domingo, 19 de dezembro de 2010

o sonho





É comum dizer e ouvir dizer "que o sonho comanda a vida". Quando já não sonhamos é sinal que estamos num estado em que a vida não tem encanto, nem sabor, nem dinâmica mobilizadora. Encontrarmo-nos numa situação em que já não somos capazes de sonhar é sinal de desistência e de resignação com a triste e vil condição imposta pelo que julgamos ser uma fatalidade deprimente. Ter um grande sonho é lançar mais uma vez a semente à terra, é lançar mais uma vez as redes ao mar, é resistir perante a adversidade, é construir a partir do quase nada, é deixar o muro das lamentações e construir a nova cidade, é ser capaz de acordar e passar à lucidez do compromisso com o diferente. Sabemos que um sonho é proposta quando nos leva a fazer algo de novo que leve à superação do estado de modorra em que muitas vezes vivemos.
Hoje invoco a figura de José, carpinteiro de Nazaré e pai de Jesus. O aceitar o surpreendente desafio do sonho, o arriscar no não visível nem comum, o construir sobre o diferente, o aceitar o risco de se enganar, o acreditar no imprevisto, tornou-O num dos protagonistas discretos mas centrais do grande acontecimento que directa ou indirectamente centralizou a história humana em geral, apontou sentidos e significados novos à existência humana e fermentou o que de melhor a nossa civilização produziu. Para José, esposo de Maria de Nazaré, vai hoje a minha homenagem tão discreta e humilde quanto Ele. O Natal está á porta. Aguardo com encanto, simplicidade e com um misto de sonho e poesia a grande celebração do novo, do diferente e do transcendente, capaz de dar sentido ás coisas velhas e fazer novas todas as realidades. BOM NATAL.

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