domingo, 30 de janeiro de 2011

a festa dos loucos




Não é fácil deixarmo-nos seduzir por aquilo que é mais importante e normalmente deixamo-nos entreter pelo anedótico, pelo secundário e pelo superficial. É o nosso instinto de defesa a ditar as suas leis e assim enquanto andamos atarefados, mesmo que seja com inutilidades, não temos tempo para ir um pouco mais além e descobrir o significado dos gestos, das palavras, das atitudes e das intervenções.
 
O mês que agora chega ao seu termo ficou marcado pela eleição do Presidente da República a quem, a todos os títulos, devo saudar, pois é a manifestação maioritária da vontade do Povo Português ao qual me orgulho de pertencer. O processo que antecedeu  e envolveu a eleição não foi para mim nem o mais sério , nem o mais responsável, nem o mais esclarecedor, nem o mais edificante, nem o mais motivador. Apesar de tudo parabéns ao Povo Português que mais uma vez foi digno de si mesmo.


 Hoje apercebi-me de um convite aberto que aqui partilho com quem esteja disponível para o receber: um convite para a festa dos loucos. É justo que os loucos também tenham direito a participar na festa da vida e não sejam sempre tratados como os coitadinhos e os vencidos. Todos os que se assumem nas suas limitações estão convidados; todos os que não têm vergonha da sua pobreza estão convidados; todos os que são catalogados de humildes estão convidados; todos os que têm fome e sede de justiça estão convidados; todos os que são capazes de ser misericordiosos e de perdoar estão convidados; todos os que não adulteram a verdade estão convidados; todos os que são vítimas da mentira e da injustiça estão convidados; todos os que são explorados e oprimidos estão convidados; todos os que têm a coragem de não se servir dos outros mas de servir os outros estão convidados, todos os que promovem a paz alicerçada na justiça estão convidados. Todos estes, que são tidos como loucos e deslocados estão convidados a participar na festa da vida e este convite foi feito por Jesus de Nazaré há cerca de dois milénios quando proclamou o Evangelho das Bem-Aventuranças e continua ecoando no tempo presente rumo ao futuro. Se por acaso não ouvimos é porque os nossos ouvidos estão demasiado obstruídos pelos resíduos deixados pela mentira, pela opressão, pelo poder, pela posse, pela injustiça, pela demagogia maquiavélica ou pela manipulação promovida a ciência. A festa dos loucos já começou, está acontecendo e vai prolongar-se enquanto houver loucos para festejar.

1 comentário:

peonia disse...

As bem-aventuranças contém uma mensagem que nem sempre é bem vista pela sociedade. Por isso, chamam loucos àqueles que sabem trocar as coisas comezinhas pelo essencial da vida. Mas são estes os bem-aventurados!