domingo, 6 de fevereiro de 2011

o sabor e o saber




Não sei bem porquê dei por mim hoje a pensar sobre o sentido do "sabor e do saber". Talvez que esta ginástica mental tenha sido despoletada por me ter sido chamado a atenção para a necessidade da percepção do sentido da vida,  da coerência entre a proposta e a oferta, entre o saber e o viver, entre a verdade e a opacidade. Ser capaz de saborear a vida dá sentido ás pequenas coisas da vida; ser capaz de se deixar encantar pela beleza da flor, pela elegância do pombo que passeia à nossa frente, pelo riso da criança que só sabe confiar, pela luminosidade espelhada no rosto de dois jovens enamorados, pelo ar triunfante do adulto que está tendo sucesso, pelo olhar agradecido do idoso que se sente respeitado, é manifestação de que estamos aprendendo a viver. Contudo sem conhecimento e saber não existe sabor nem gozo que nos leve a deixarmo-nos encantar por nós mesmos e pelos outros e se não nos deixarmos encantar por nós mesmos e pelos outros não iremos além da triste e enfadonha experiência da mediocridade. A ignorância  e a irreflexão não são portas de acesso à felicidade humana e a procura frenética do prazer não deixa espaço para a saborosa experiência da liberdade. Se posso ser feliz saboreando uns frescos carapaus grelhados porque teimo em ser infeliz porque não posso comer uma lagosta preparada por um ilustre chefe de cozinha? Vou saborear os ditos carapaus que além de me estarem acessíveis ainda me recompensam não fazendo subir o ácido úrico. Corro o risco de fazer figura de "pateta alegre", mas mesmo assim é preferível a ser "pateta triste". Crescer em saber é apurar o gosto por viver e saborear a vida é progredir na descoberta do ser e do sentido de cada realidade.

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