domingo, 24 de maio de 2009

Reflexões de fim de semana



Três acontecimentos persistem ocupando em silêncio, mas com teimosia, o meu espaço interor e pressionando-me à reflexão:
1º- Por transferência da passada 5ª feira celebra-se este domingo a festa da Ascenção de Jesus. Sou levado a concluir que o que de facto se festeja é a ascenção da humanidade à sua dimensão de realização total. A humanidade em e por Jesus participa na plenitude de vida da divindade. A humanidade concretizada em cada ser humano tem assim caminho aberto para, apesar de todas as contradições individuais e colectivas, caminhar com optimismo rumo ao seu futuro existencial.
2º- Esta semana João Bénard da Costa mudou de morada. A sua residência transferiu-se da circunscrição delimitada pelo tempo e pelo espaço para a dimensão não condicionada pelo transitório e pela precariedade. Durante várias décadas João Bénard da Costa foi para mim e para muitos dos meus concidadaõs uma referência não só de conhecimento e análise, mas também de saber e de sabedoria. Estou com ele quando de forma serena e adulta nos transmite esta certeza: "acredito que esta vida não pode acabar aqui: nada faria sentido, para mim, se assim fosse"e ainda ao dizer-nos que a sua maior esperança é "conhecer a Deus". Estou certo que a sua visão aberta, independente e descomplexada vai permanecer como referência para todos quantos se não resignam à triste, vil e acabrunhante mediocridade, que se apresenta com ares de modernidade e como norma referencial.
3º- O início da campanha para as eleições europeias a realizar a 7 de Junho chegou. A avaliar pela amostra da pré-campanha se algum distraído pensava que desta vez é que ía ficar esclarecido, sobre o modelo de sociedade europeia que os vários concorrentes aos chorudos salários auferidos pelos deputados europeus apresentam e se propôem defender, desiluda-se. Parece um jogo de berlinde: o mesmo terreiro, as mesmas covas e o mesmo circuito. Só mudam as cores dos berlindes: uns são amarelos, outros vermelhos, outros cor de rosa, outros cor de laranja, outros azuis, outros cinzentos, outros da cor do arco-iris. Nem sequer há a coragem de reconhecerem a equipa a que cada qual pertence: se à dos anti-europeus, se à dos neo-europeus, ou se à dos retro-europeus. Apenas é patente a metodologia do jogo: pancada no adversário pois a derrota deste é vitória daquele, dificultar ao máximo que a intervenção do opositor seja bem sucedida, convencer o espectador de que cada um é o mais hábil na prática do ilusionismo verbal. Talvez que algum rasgo de ousadia e de inconformismo ainda surja com suficiente clarividência para motivar o povo português a deslocar-se ás mesas de voto.

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