sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cidade de Tomar











Tomar é uma das mais agradáveis, acolhedoras, históricas e turísticas das provincianas cidades deste pequeno país sentado à beira do mar. Embora viva um pouco a sonhar com o mar, não fosse o Infante D. Henrique um dos seus referenciais mais ilustres, vive a interioridade e a ruralidade duma senhora provinciana orgulhosa dos seus palácios, das suas jóias, dos seus subordinados, das suas terras, dos seus jardins, do sabor dos seus produtos e do seu rio que lhe lava o rosto, refresca a alma e fecunda a terra.
Nasci numa pequena aldeia do concelho de Tomar situada na margem esquerda do rio Nabão chamada Casais Novos. Como era um pequeno aglomerado de cerca de 70 pessoas nunca veio assinalada no mapa. O analfabetismo generalizado dos adultos fazia realçar a cultura do saber fazer, da aprendizagem através da acção concreta, do aprender vendo a vida acontecer nas suas múltiplas manifestações. Vivia-se da agricultura de subsistência, onde cada palmo de terra era uma promessa de alimento e alguns felizardos tinham também trabalho numa das fábricas de papel instaladas nas margens do rio. A vida era dura e decorria ao ritmo imposto pela mãe natureza, que nos ía ensinando os seus segredos. Ir a Tomar era ir à civilização! Era lá que se comprava e se vendia, que se ía ao médico e ao boticário, que se ía fazer exame da 4ª classe, que estava o quartel militar, lá se chegava e partia de combóio, lá estava o palácio da justiça e a cadeia, o hospital , a polícia e a Câmara Municipal. Era lá que os mais felizardos estudavam no colégio Nuno Álvares, ou nas Escolas Industial e Comercial, que se aprendia um ofício, que viviam os que, no imaginário do aldeão, tinham uma vida boa. Ainda hoje Tomar é a minha cidadezinha que me faz voltar aos meus sonhos mais remotos, pisar as ruas que meus antepassados pisaram, olhar as mesmas lojas, as mesmas mercearias, as mesmas tabernas, os mesmos jardins, o mesmo mercado, aspirar os mesmos cheiros das feiras e encher os olhos com as cores da festa dos tabuleiros. A minha cidade ás vezes é maltratada e mal amada, mas é sempre sedutora, montra dos meus sonhos e ponto de partida para além do horizonte.

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